segunda-feira, 20 de junho de 2016

Gravidez e endometriose.

Quem tem endometriose pode engravidar?

A doença é a maior causa de infertilidade feminina, mas tratamentos são capazes de reverter esta condição.

Por que ela prejudica a fertilidade? 
A relação entre endometriose e infertilidade é direta por dois motivos. Primeiro, porque quando o endométrio começa a crescer em locais como trompas e ovário, há inflamação e consequentemente, um processo espontâneo de cicatrização, o que acaba gerando mudanças anatômicas que impedem o pleno funcionamento das trompas, responsáveis pelos primeiros acontecimentos da fecundação. Além disso, as células inflamatórias podem afetar a qualidade do óvulo e do espermatozoide.
Os médicos não sabem ao certo o que causa a endometriose, mas questões genéticas e ligadas à imunidade estão associadas. Estudos anteriores comprovaram que estresse e ansiedade também podem agravar o quadro. Outra coisa que se sabe é que as mulheres, hoje, menstruam 400 vezes ao longo da vida, contra 40 no início do século XX. Isso acontece porque, naquela época, a ala feminina costumava ter um número muito maior de filhos, reduzindo a quantidade de ciclos menstruais ao longo da vida. É por esse motivo que a nova realidade, em que as famílias geram menos descendentes, confere à endometriose o apelido de “mal da mulher moderna”.

Quais são os sintomas?
Cólica, dor abdominal, retenção de líquido, inchaço, dor durante as relações sexuais, dificuldade para urinar.

Como é feito o diagnóstico? 
Um dos grandes problemas da endometriose é que os sintomas se confundem com os que normalmente aparecem no período menstrual, por isso, muitas mulheres só descobrem a condição quando tentam engravidar e não conseguem. Um estudo brasileiro apresentado no Congresso de Endometriose, em 2008, apontou que o período entre o início dos sintomas e o diagnóstico é de aproximadamente sete anos. Quando a queixa começa no início da adolescência, esse intervalo pode aumentar para doze anos.
Reverter o quadro, portanto, também depende da mulher, já que ela precisa ficar atenta aos sintomas. Infelizmente, ainda não há um exame específico para detectar a endometriose. O diagnóstico é feito pela combinação de exames de sangue, ultrassonografia transvaginal e ressonância pélvica. Quando esses exames apontam indícios do problema é feito uma laparoscopia, que é capaz de detectar a doença e já tratá-la no mesmo procedimento.

Como é feito o tratamento em mulheres que desejam ser mães?
O primeiro passo é tratar a doença. Em casos de endometriose leve ou moderada, o tratamento pode ser clínico, com medicamento via oral, injeção ou a colocação de um dispositivo intra-uterino. Porém, quando a doença já está mais avançada, a videolaparoscopia (procedimento cirúrgico) é mais indicada. Se a doença já estiver sob controle, o médico vai avaliar a situação das trompas da mulher e, dependendo do comprometimento da região, a gravidez só será possível por meio de procedimentos de fertilização in vitro.

Mesmo depois da cirurgia, não há garantias de que a mulher conseguirá engravidar? 
As chances de fecundação vão depender de uma combinação de fatores, como a gravidade da endometriose, o comprometimento das trompas e da idade da mulher. Se ela passou dos 35 anos, a probabilidade de engravidar diminui bastante e quase sempre é necessário FIV. Para as mais jovens, o índice de sucesso, inclusive de modo espontâneo, chega a 65%. Vale dizer que o Brasil é referência internacional no tratamento e qualidade de vida de pacientes com endometriose.

Mulheres que tiveram endometriose tem gravidez de risco, pode existir alguma complicação para o bebê? 
Independentemente do motivo, mulheres que tiveram dificuldade para engravidar são acompanhadas mais de perto pelos médicos. Porém, não existem evidências científicas que relacionam endometriose com complicações para a mãe e bebê.

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